Baixe aqui os materiais referenciados no livro.
“Para completar, Abel Braga não parecia satisfeito com o rendimento do time nos treinos realizados em Tóquio. Dois dias antes da estreia no Mundial, o técnico foi duro nas críticas: “Pareciam dois times de dopados. Eles correram muito e produziram pouco”, alfinetou. No coletivo, que teve o goleiro Marcelo Boeck improvisado como zagueiro, já que Elder Granja não pôde treinar devido a um problema estomacal, Luiz Adriano e Pato marcaram os gols, um para cada time. Na véspera do jogo contra o Al Ahly, Abel orientou um treino no estádio Nishigaoka com portões fechados, o primeiro da passagem pelo Japão. Pato foi proibido pela direção de dar entrevistas, principalmente para a imprensa estrangeira. Naquelas horas, o mais difícil era administrar a ansiedade. Além disso, toda a delegação colorada sabia que o primeiro jogo de um Mundial é sempre o mais difícil. Ao passar por ele, a pressão arrefece, e o futebol pode fluir com mais tranquilidade. “Todo mundo vai dizer que o nosso time tem que ganhar. Eles vão jogar livres, mas conhecemos a nossa responsabilidade. Vamos jogar para a frente, mas sem afobação”, disse Fernandão.”
“Convencido a contratar Tite, Luigi conversou diretamente com o técnico para sondar seu interesse em trabalhar no Inter e com Gilmar Veloz, seu empresário, acertando salários e demais condições. Ainda faltava falar com Piffero. Então, o vice de futebol foi até o gabinete presidencial e expôs o plano. Piffero reagiu energicamente, rechaçando a possibilidade de contratar o profissional que, segundo ele, era um “gremista de carteirinha”. Luigi saiu da reunião desapontado, mas ainda esperançoso. Uma decisão final não havia sido tomada. O presidente, no entanto, começou a explorar outras possibilidades, o que evidenciava uma ruptura entre ele e Luigi. Piffero tentou contratar Nelsinho Baptista, então no Sport, e chegou a sondar Carlos Bianchi em uma passagem por Buenos Aires, onde assistiu ao sorteio das primeiras fases da Copa Sul-Americana daquele ano. “Existem questões internas que não podemos externar, mas a palavra final é do presidente”, disse Luigi na época, deixando claro que os dois dirigentes já não compartilhavam a mesma visão.”
“Depois de uns dois ou três dias, cheguei mais cedo ao jornal e pesquisei as empresas pelo CNPJ na internet. Formulei uma lista com os telefones de cada uma delas e guardei comigo. No dia seguinte, separei um tempo para fazer as ligações e tentar entender alguma coisa. A lista de telefones era extensa, com cinco ou seis números para cada empresa, e eu comecei pela primeira, de forma sistemática. Após algumas tentativas frustradas, um homem atendeu em um dos números, que era de um celular. Perguntei se ele havia prestado serviços ao Inter. Ele respondeu que sim, mas que não se lembrava exatamente de qual. Insisti: “Mas o senhor fez um serviço para o clube, recebeu R$ 1 milhão por isso e não lembra?!”. A essa altura, o meu interlocutor já demonstrava nervosismo e respondeu que havia feito o recuo do meio-fio das calçadas em frente ao estádio. “Mas isso custou R$ 1 milhão?!”, perguntei. Nesse ponto, o homem, que não parecia ser um grande empresário do setor da construção civil, mas no máximo um pequeno empreiteiro, pediu desculpas, desligou o telefone e nunca mais me atendeu.”